quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Exercício - Set. de 2015

Os dados abaixo se referem a um acontecimento fictício ocorrido, supostamente, no dia 18 de setembro, em Belo Horizonte. Baseado nos dados abaixo, responda às perguntas respondíveis do lead (o quê? quem ? quando ? onde? por quê? como?) e faça um texto jornalístico para publicação no jornal de amanhã.

Boletim da PM:

"A viatura 3436 foi deslocada às 10h de hoje para o Edifício Pablo Picasso, na Avenida Afonso Pena, bairro Cruzeiro, atendendo chamada de moradores do referido local. No apartamento 201 do prédio, o soldado Luís Adalberto e o cabo Pedro Ferreira localizaram o corpo de João Barroso, vítima de disparo de arma de fogo. O corpo estava estendido sobre a cama de casal, que estava desmontada. Junto à vítima, os agentes observaram um revólver calibre 38. A esposa da vítima, Marinalva Barroso, de 23 anos, e o contabilista Demétrio Paiva, de 30 anos, estavam no local. Os dois foram levados para a 2ª Delegacia da Polícia Civil, para prestarem depoimento. A vítima, segundo sua esposa, era desenhista e tinha 32 anos. A arma foi apreendida."

A versão de Marinalva:
"Eu estava no apartamento, tomando café da manhã. Foi quando bateram na porta e era esse cara com uma arma perguntando: 'Onde é que ela está?'. Aí eu disse: 'Quem?'. Mas ele nem quis ouvir, foi me empurrando e entrou no apartamento, entrou no quarto e acordou o João. Meu marido, coitado, nem sabia o que estava acontecendo, só fazia 'Ahn? Ahn?'. E o cara gritando: 'Onde é que ela está?’. Eu sou muito calma, mas não aguentei e pulei nas costas dele. Ele caiu por cima do João. A cama desabou. A arma disparou. E acertou o João, coitado..."

A versão de Demétrio:
"Não estou satisfeito com o que aconteceu. Eu me excedi. Foi um erro. Bati na porta e a moça atendeu. Perguntei se a Adriana estava. Ela disse que ali não tinha Adriana nenhuma. Pedi, educadamente, para entrar. Ela disse que não podia abrir a porta. Insisti e entrei. A porta do quarto estava fechada. Fui na direção do quarto e ela avisou: 'Não entra aí!'. Eu entrei, pensando encontrar Adriana, e dei com um homem armado. Brigamos, a moça pulou nas minhas costas, caímos sobre a cama, a cama desabou, a arma disparou e ele morreu. Qualquer um se engana. Eu tenho nível, sou formado."

(Este exercício é baseado em um trecho de texto atribuído a Luis Fernando Verissimo)

INDIVIDUAL.
Imprimir e entregar na próxima aula.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Trabalho em grupo: Redação Jornalística para a Web

O trabalho consiste na produção, pelos grupos, de reportagens, cada uma com um grande tema, para publicação em blogs coletivos (dos grupos).


 As reportagens devem incluir textos, vídeos/áudios (de produção própria) e devem ser assinadas pelos integrantes que as produzirem.


 As matérias devem ter muitos personagens, fontes diversificadas e apuração de qualidade.

Os temas sugeridos para as pautas, para escolha dos grupos, são:

 - Desumanização e discurso do ódio nas redes sociais.

 - O mundo dos pets 1 (a indústria por trás dos animaizinhos de estimação)

 - O mundo dos pets 2 (ativismo e proteção aos animais)

 - Diversidade x Intolerância

 - Corrupção na Fifa: impactos no futebol mundial, brasileiro, mineiro

Os grupos podem apresentar outras sugestões.


A produção deve seguir as orientações do manual que vimos na aula de 10/6/15, publicado neste blog.

Prazo: o material deve estar pronto e postado parta correção até a terça-feira, 23/6/15.

OS ENDEREÇOS DOS BLOGS, COM OS NOMES DOS INTEGRANTES DE CADA GRUPO, DEVEM SER ENVIADOS AINDA HOJE PARA evaldonline@gmail.com
 

segunda-feira, 8 de junho de 2015

MANUAL BÁSICO PARA PUBLICAÇÕES JORNALÍSTICAS NA WEB

Por Prof. Evaldo Fonseca Magalhães



1. DIRETRIZES GERAIS

Para preparar bons "pacotes de informação" para os suportes digitais – chamaremos assim as mensagens postadas, já que podem incluir uma série de elementos que vão além do texto escrito, como fotos, vídeos, áudios e hiperlinks –, o produtor de conteúdo deve ter sempre em mente algumas diretrizes gerais:

A ideia é fazer com que você use esses suportes para a postagem de pacotes de informação diferenciados, que aprofundem temas tratados.

* Esteja certo de que, para fazer boas publicações, conta, mais que as questões técnicas e os recursos tecnológicos empregados, a sensibilidade do autor das postagens: ao redigir o texto, registrar imagens, gravar vídeos ou áudios, avalie se o resultado será apropriado aos suportes e ao próprio conteúdo. Analise se o material tem, efetivamente, o interesse que  se quer difundir.

* Certifique-se de que a combinação dos recursos que previu para determinada postagem (textos, áudios, vídeos, fotos) é necessária. Pense se você não provocará eventuais ruídos na mensagem com o excesso de elementos utilizados. Assim como em qualquer tarefa de comunicação, ser simples – não confundir com "ser simplório"!!! – é fundamental.

Os pacotes de informação precisam ter o que chamamos de "formalidade controlada". Por exemplo: o abuso de abreviações comuns ou de jargões devem ser evitados.

* A regra, claro, é a utilizar o português correto, a língua culta, mas não rebuscada ou excessivamente sofisticada, sob pena de não atingir os diferentes públicos que possam vir a buscar as informações.

* Postar algo na Internet não é o mesmo que falar com pessoas próximas: suas mensagens ficam na rede e são indexadas quase que instantaneamente, ficando acessíveis a um público muito maior que aquele que acessou o portal, site ou blog. Mesmo que você apague uma postagem, feita com alguma incorreção, ela provavelmente já terá sido indexada pelo Google e por outros sites, perenizando-se na Internet e ao alcance de todos os usuários. Portanto, pense muito antes de publicar algo; se for para se arrepender, arrependa-se antes de postar.

2 - DIRETRIZES ESPECÍFICAS

Para produzir e publicar os pacotes de informação na web, você deve proceder, primeiro, como qualquer bom jornalista/assessor de comunicação.  O passo inicial é apurar com precisão as informações, ou seja, colher dados com o máximo possível de fontes confiáveis e certificar-se de que os aspectos mais relevantes do assunto estejam contemplados no material. E preocupar-se, claro, com o alinhamento da história com o interesse público.

2.1 Multimidalidade

Vale lembrar que, como o destino da publicação é uma plataforma que aceita muitos tipos de mídia – a articulação de texto, fotos, vídeos e áudios (o que chamamos multimidialidade) –, a coleta das informações também pode ser feita em diferentes formatos. Portanto, durante a apuração, use aparatos portáteis e móveis, como câmeras e aparelhos de celular, para registrar imagens e até mesmo pequenas gravações em áudio e vídeo durante a cobertura: depoimentos, eventos etc. Pode ser que você as use.

Ao organizar o material para a publicação, entenda que não se deve sobrecarregar a disposição e a atenção do leitor, regra básica para qualquer tipo de conteúdo jornalístico: faça com que as mídias reunidas na postagem se caracterizem pela complementaridadee não pela repetição. Por exemplo: se você tem, em vídeo, um trecho importante do depoimento de um personagem, apenas mencione essa fala no texto e guarde a verdadeira emoção para a gravação, que deve ser curta e pode inserida naquela postagem como importante complemento.

2.2 Hiperlinks

Use também os hiperlinks para complementar informações, mas com parcimônia. O excesso  de ligações hipertextuais em uma postagem serve apenas para tirar a atenção do leitor. Certifique-se de que a "linkagem", em palavras-chave ao longo do texto ou mesmo ao final, na forma de títulos de outras publicações de referência , seja feita somente quando isso se mostrar, de fato, essencial ao aprofundamento e à ampliação da compreensão e do conhecimento sobre o assunto tratado. 

Outra dica importante: faça sempre com que os links externos sejam abertos em novas janelas do navegador. Isso evita que o conteúdo de origem seja perdido ao ser substituído por outro, na mesma aba.

2.3 Narrativas virtuais, storytelling, gamificação e infografias

 A produção de conteúdo para as plataformas virtuais deixou, há muito tempo, de ser uma simples transposição do que se faz para outros suportes, como o impresso, a TV e o rádio. Enriquecida, inicialmente, pelo recurso dos hiperlinks, a narrativa jornalística na web passou a absorver outras linguagens e a retrabalhá-las conforme suas próprias peculiaridades.

A evolução tecnológica da Internet (rede física de computadores interligados) e da web (interface gráfica que viabiliza e enriquece as conexões) e o aumento exponencial no número de pessoas conectadas (maior inclusão digital e com acesso por banda larga), no Brasil e no mundo, também têm contribuído para fazer do webjornalismo uma modalidade de comunicação cada vez mais eficiente, prestigiada pela audiência e mais vantajosa em relação às demais. 

Hoje, conceitos como os de narrativas virtuais, storytelling, gamificação e infografias digitais são norteadores do planejamento e da produção de muitas publicações jornalísticas na rede.  Nos suportes digitais, é fundamental que se tenha esses conceitos em mente ao planejar as publicações.

No que diz respeito às narrativas virtuais, é importante lembrar que a forma como o conteúdo multimidiático é preparado e disposto torna-se determinante para que se aumente a atratividade e a compreensibilidade da publicação.  Você irá organizar os recursos narrativos (hiperlinks, texto, fotos, vídeos e áudios, por exemplo) de modo a oferecer opções ao leitor/receptor, sem que isso comprometa a coerência e a objetividade da postagem.

Isso se traduz na interatividade e na não-linearidade proporcionadas pela leitura. Em outras palavras, você organiza o conteúdo de modo que quem o acessa possa "conversar" com as informações oferecidas, clicando/ acionando diferentes recursos para fazer a leitura na ordem que quiser.

storytelling, em tradução livre, é o processo de contar histórias, mas que implica no uso de recursos hipermidiáticos para fazer a tarefa da melhor maneira possível, aproveitando as potencialidades da web. Por exemplo, se você dispõe de muitas informações sobre um evento, como dados, fotos, depoimentos gravados de personagens etc, nada melhor para seu leitor/receptor que condensar isso em um audioslideshow (um vídeo curto que inclua esse material e seja postado junto com um texto mais geral sobre a cobertura). É uma ótima maneira de contar uma história.

Já a gameficação consiste em transformar histórias jornalísticas ou campanhas de comunicação, por exemplo, em algo próximo aos jogos virtuais – com etapas que vão sendo vencidas à medida que o usuário compreende/apreende o conteúdo. Nesses games diferentes, o leitor/receptor também pode imergir e participar de maneira ativa da construção/apreensão do conteúdo.

EXEMPLOS DE NEWSGAMES:









No caso, assim como no que se refere às infografias digitais, que consistem no uso de recursos gráficos da rede para simplificar ou facilitar o entendimento de informações complexas, são necessários conhecimentos técnicos mais avançados. Mas nada impede que se adotem também essas ferramentas, desde que você tenha domínio sobre programas de computador específicos ou haja alguém que possa fazer isso por você.

3 - DICAS BÁSICAS PARA BOAS PUBLICAÇÕES

Lembre-se: o texto para suportes digitais, de caráter institucional e/ou jornalístico, deve seguir as regras do bom jornalismo, sempre. Nos suportes digitais, nossa intenção é, claro, publicar as chamadas hardnews, factuais, relativas a eventos de interesse público. Mas sem prescindir de elaborar boas histórias, a partir dos mais variados assuntos surgidos da atividade judicial em Minas, que ampliem o grau de conhecimento do público. 

Não é necessário, por exemplo, seguir sempre, a ferro e fogo, na elaboração dos conteúdos, o famoso esquema da Pirâmide Invertida (no qual as informações são organizadas hierarquicamente, por importância, e cujo primeiro parágrafo, o lead, deve responder às perguntas "o que?", "quem?", "quando?", "como?", "onde?" e "por quê?") – tão respeitado no jornalismo impresso diário.

Os textos para os suportes digitais, mesmo que devam evitar floreios, construções frasais complexas e matérias longas – o que pode prejudicar o interesse de boa parte dos leitores –, podem ser ricos e livres de amarras.

No caso de histórias com bons personagens e fontes, pode-se abrir a matéria com um relato sensível e humanizado sobre o referido personagem e/ou algumas de suas circunstâncias. Em seguida, pode-se partir para o detalhamento da história e para a oferta de informações mais específicas sobre o tema.

Também é necessário contextualizar as informações, sempre que se julgar necessário. Seja por meio de hiperlinks (trazendo, por exemplo, a memória sobre aquele assunto: publicações anteriores relacionadas ao tema, de dentro ou de fora dos blogs), ou por explicações no próprio texto, o redator precisa entender que o leitor nem sempre está a par de acontecimentos prévios, que tenham relação com fatos mais recentes. Portanto, trate de contextualizar!

Outro aspecto fundamental para o aumento da atratividade e da audiência das postagens são os títulos. Ao contrário das escolas mais tradicionais de jornalismo, que preconizam títulos mais assertivos, diretos, com a obrigatória presença de verbos – preferencialmente no presente –, em sites e blogs a preocupação, ao formular a frase que antecede e resume um conteúdo, também deve ser com asedução, com a tarefa de despertar a curiosidade dos leitores/receptores.  Ou seja, use a criatividade, mas sem exageros!

O ideal é que tais textos tenham, no máximo, cinco parágrafos de até seis linhas, cada, para tornar mais amigável a experiência dos nossos leitores/usuários.

3.1 Boas fotos para a web

Para produzir e publicar boas fotos na Internet, não é preciso ser profissional do ramo nem ter equipamentos com grandes recursos. Claro, sempre utilizamos serviços de profissionais para registrar em imagens fatos e eventos. Mas, quando isso não for possível, uma câmera digital compacta ou um aparelho celular com registros de boa resolução são suficientes para ilustrar e enriquecer o material a ser postado. Algumas dicas são fundamentais para obter bons resultados:

·         Segure a câmera ou o celular com firmeza: Apoie seus cotovelos em seu corpo ou em alguma superfície firme. Use as duas mãos. Apoie-se numa parede. Faça tudo o que puder fazer para ficar imóvel quando fotografar.
·         Use o sistema automático: As câmeras digitais e aparelhos de celular dispõem de avançados sistemas automáticos. Experimente usá-los e veja se dão bom resultado. Se não, faça ajustes. Lembre-se: não tire fotos contra o Sol e use o flash, se houver, em ambientes escuros.
·         Observe o enquadramento: Quando fotografar pessoas, não deixe muito espaço acima da cabeça. A face da pessoa deve estar próxima da parte de cima da foto, não do meio. No caso de elementos da paisagem, deixe-os mais centralizados. O ideal é fazer fotos com esses aparelhos mais de perto para obter melhores imagens. Movimente-se até obter os melhores ângulos.
·         Focalize uma coisa: Também quando fotografar uma pessoa ou grupo de pessoas num cenário complexo, focalize os olhos. A função do foco automático pode enfocar apenas uma coisa na imagem e os olhos da pessoa farão a foto parecer mais nítida.
·         Fique na posição vertical: Se o que você quer fotografar está na posição vertical vire a câmera para a mesma posição.
·    Fotografe a ação: Procure capturar momentos e evite que as pessoas façam poses do tipo “turistas em férias”.
·         Dê zoom com as pernas: Tente evitar o uso do zoom digital dos aparelhos e aproxime-se (não perto demais, para não embaçar a imagem) do que irá fotografar. Geralmente, esse recurso, ao contrário do zoom ótico, que dá qualidade ao que é aumentado, prejudica as imagens. Use o zoom digital apenas se não houver alternativa. 
·         Fotografia de rostos (bonecos): A fotografia de rosto é a tarefa mais comum para jornalistas que não são fotógrafos. Embora pareça uma tarefa fácil, há várias coisas a considerar na hora de fotografar um rosto:

1) luminação certaTente evitar o uso de flash para prevenir marcas de luz no rosto;
2) Posicione a pessoa do lado de fora ou perto de uma janela grande para tirar vantagem da luz natural e certifique-se de que não há sombras no rosto;
3) Evite a luz solar do meio-dia e iluminação muito forte atrás do objeto fotografado
4) Aproveite para fotografar com céu nublado: funciona bem;
5) Use flash como último recurso.

·         Edição de fotos: Para a publicação na rede, as fotos não precisam vem ter alta resolução, o que pode sobrecarregar o servidor onde os sites e todos os seus elementos gráficos estão hospedados. Por isso, o ideal é que se faça as imagens em resolução média ou mesmo baixa. Antes de publicá-las, se for necessário, ainda se pode reduzir seu tamanho, utilizando qualquer editor de imagens, sem que isso prejudique a qualidade delas. Nesses mesmos editores, é possível também cortar e fazer outros ajustes, mas sem alterar ou transformar as imagens.

3.2 Bons vídeos para a web

Bons vídeos para publicação em serviços de compartilhamento, como o Youtube, ou mesmo em portais, como o do TJMG, seguem, basicamente, as mesmas indicações dadas para as boas fotos. Mas há algumas peculiaridades:
·          Vídeos pequenos: Faça registros de não mais que dois ou três minutos de gravação, caso não tenha a intenção de editar o material. Por exemplo, ao colher o depoimento de um personagem, planeje, antes de acionar a câmara, uma pergunta que poderá gerar resposta que vá ao encontro do material que está produzindo.
·    Áudio: faça testes no ambiente de gravação antes de iniciar o registro para verificar se o áudio captado junto com as imagens tem boa qualidade.
·      Edição: Se precisar editar o material – por exemplo, depois de registrar várias sequências durante um evento – utilize programas simples e autoexplicáveis, como o Windows Movie Maker, para preparar o vídeo final, a ser inserido no blog. Lembre-se que o resultado também não deve ser longo: dois ou três minutos são medidas ideais.
·        Postagem: Depois de editado, com ou sem recursos como legendas e créditos, o vídeo pode ser salvo no próprio programa de edição em formatos menos pesados para postagem no Youtube. Faça testes até encontrar o formato mais adequado, aceito pelo serviço de compartilhamento e que representa menos perda de qualidade para o produto final.
·        Audioslideshows: Um bom recurso para contar histórias nos blogs é o audioslideshow. São montagens de fotos e/ou gravações de imagens, com inclusão de áudio ou até de narrações do webrepórter, que podem ser montados em programas de edição de vídeo, como o já mencionadoWindows Movie Maker. Esses produtos são postados nos blogs da mesma forma que os vídeos.

3.3 Regrinhas de redação jornalística, aplicadas também ao ambiente web

  • Se você está em dúvida sobre a correta ortografia de uma palavra, cheque em um dicionário antes de escrevê-la.
  • Evite ser telegráfico nas frases, por um lado, e prolixo, por outro. Leia o que escrever e faça alterações, antes de publicar. Se surge uma nova ideia em uma mesma frase, pontue e inicie nova frase.
  • As regras para a redação os blogs são as mesmas de qualquer jornal. Por exemplo:
            Datas
  • Os dias devem ser escritos sempre em número, o mês por extenso e o ano em número. Em caso de datas abaixo do dia 10, sempre use sem o zero.
  • Não há crase entre datas.
  • Quando usar a palavra “entre”, utilize “e” e não “a”.
            Horas
  • Use sempre crase e abrevie a palavra horas, quando indicar horários: 13h, 21h etc. Não precisa abreviar/usar minutos em horas quebradas: 13h30.
            Números
  • Os números entre zero e dez devem ser escritos por extenso quando se referem a quantidade de “coisas”. Do 11 em diante, use o numeral.
            Valores (moeda)
  • Use sempre o “R$” para identificar valores. Use mil ou milhões, se forem valores “redondos”. Abreviaturas só em títulos, se forem necessárias. A abreviatura de milhões é “mi”.
            O uso do “um” e “uma”
  • Use “um” ou “uma” apenas quando se referir a quantidade (dica: quando puder trocá-lo por “dois”, “duas”), mas mesmo assim evite-os quando puder.
            O uso do “todo”/“toda”/“totalmente”/“justamente”/“juntamente”
  • Evite. Corte das frases ou reescreva-as sem estas palavras.
            "Por que", "porque", "porquê" e "por quê"
  • Regra básica: para saber se o porquê (quando substantivo, é sempre junto e acentuado) é separado ou não, coloque mentalmente a palavra "razão" depois dele, na frase. Se essa palavra se encaixar sem alterar o sentido do que se está dizendo, é separado; se não, é junto. E quando o "que" do "por que" precede a pontuação, no final das frases, ele sempre recebe acento circunflexo: "Você não foi? Por quê?".

      Verbos de declaração
  • É importante que os verbos de declaração (ou verbos dicendi), como "dizer", "afirmar", "contar", "assegurar", "esclarecer", "avaliar", "finalizar" etc, sejam sempre usados no mesmo tempo verbal no decorrer do texto ou para os mesmos entrevistados. Isso evita confusões para o leitor/receptor. No caso de textos não comprometidos com o período em que os depoimentos foram dados, por exemplo, se começamos  com "Fulano diz que", não podemos passar para "afirmou", no momento seguinte.
            País, Estado, Região, Sul, Norte etc.
  • País: mesmo quando se refere ao Brasil, caixa alta.
  • Estado: caixa alta quando se referir a uma unidade da Federação (Minas Gerais) ou ao país.
  • Região: quando não fizerem parte de nomes próprios, irão sempre iniciar com letra minúscula.
  • Sul, Norte, Leste e Oeste: quando se referir à região é caixa alta, quando se referir à direção é caixa baixa.
            Órgãos e siglas
  • Órgãos devem sempre ser escritos em caixa alta e, quando podem ser identificados por siglas, estas devem vir depois dos nomes por extenso e entre parênteses. Lembre-se: siglas de até três letras, sempre em caixa alta; siglas de mais de três letras, só a primeira em caixa alta desde que formem palavras legíveis.
            Cargos
  • Nenhum cargo é escrito em caixa alta, a não ser que esta seja uma diretriz da sua organização.
            Gírias e vícios de linguagem
       *      Não use.
            Vírgulas
  • A frase nunca terá vírgula se for escrita na ordem direta [sujeito/verbo/complementos dos verbos (objeto direto e indireto)/adjuntos adverbiais]. Evite sofrer de "virgulite" e lembre-se: jamais separe sujeito de verbo com vírula.
  • Quando ocorrer qualquer alteração na seqüência lógica dos termos, temos a ordem indireta. Neste caso, dependendo do termo, haverá o uso da vírgula.
  • Os adjuntos adverbiais (de modo, de tempo, de lugar), quando deslocados, são separados por vírgula. Com entusiasmo, eles aderiram ao programa.
  • Ainda se usa vírgula para marcar intercalações.
    • Aposto: Ademir, gerente da conta, disse que Mariana estava sem saldo.
    • Expressões explicativas ou corretivas: A sua atitude, isto é, o seu comportamento na aula merece elogios.
    • Conjunções coordenativas: A vida dela, no entanto, mudou para melhor. Houve, porém, atropelos.
    • Adjuntos adverbiais intercalados: O secretário, naquele dia, recebeu os jornalistas, ávidos por informações.
    • Frases explicativas dentro da oração: O homem, que é um ser racional, vive pouco.
    • Orações subordinadas: Quando o bandido sacou o revólver, todos se abaixaram.

Essas regras foram adaptadas dos livros "Gramática" e "Língua e Literatura", de Carlos Emílio Faraco e Francisco M. de Moura

terça-feira, 2 de junho de 2015

EXERCÍCIO - REDAÇÃO JORNALÍSTICA - RÁDIO

TRANSFORMEM, EM DUPLAS, AS NOTÍCIAS ABAIXO EM TEXTOS PARA RÁDIO, SEGUINDO AS DIRETRIZES APRESENTADAS E DISCUTIDAS NA AULA PASSADA.

FAÇA A CHAMADA DO LOCUTOR E O TEXTO DO REPÓRTER.

O PPT DA AULA FOI ENVIADO PARA A REPRESENTANTE DA TURMA, ANA DIAS. 

VOCÊ PODE INCLUIR SONORAS:

EX:

Fulano afirmou que está preocupado com os rumos da economia:

Início: "Eu acho que a economia nacional..."
Fim: "...e é por esses motivos que temos que nos preocupar.""

AS MATÉRIAS DEVES TER EM TORNO DE 45 SEGUNDOS. LEMBREM-SE: CADA LINHA DE TEXTO DÁ, EM MÉDIA, 3 SEGUNDOS. OU SEJA, 15 LINHAS DARIAM O TEMPO DESEJADO (FORA AS SONORAS, CLARO).

OS TRABALHOS DEVEM SER ENVIADOS PARA evaldonline@gmail.com, COM O ASSUNTO "EXERCÍCIO RÁDIO - 2/6/15" E O NOME DO ALUNO.



1) PRIMEIRA NOTA:

Um dos maiores especialistas em urologia do país, o médico Anuar Ibrahim Mitre, de 65 anos, foi baleado com três tiros, dentro de seu consultório, na tarde de ontem. A clínica fica na frente do Hospital Sírio-Libanês, onde faz parte do corpo clínico. O acusado do crime, o ex-médico do trabalho Daniel Edmans Forti, deu um tiro na própria cabeça depois dos disparos, segundo a polícia. Ele morreu antes de ser socorrido.

Integrante do Conselho Consultivo do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, Mitre foi submetido a uma cirurgia na tarde de ontem no próprio hospital. Embora o centro médico não confirme o estado de saúde, funcionários afirmam que seu quadro é estável. A Polícia Civil ouviu a secretária de Mitre, que trabalha com ele há 22 anos, mas não quis ser identificada. Ela afirmou que Forti se tratava com a vítima havia cinco anos, mas não tinha consulta prevista na tarde de ontem. Quando chegou ao prédio, no entanto, ela autorizou a subida e prometeu um encaixe em meio às consultas previstas.

No consultório, no entanto, Forti nem esperou ser anunciado. Entrou na sala de Mitre, xingou o profissional e atirou diversas vezes. Mitre foi atingido na cabeça, no braço e nas costas e, segundo a secretária, estava consciente quando foi socorrido. “Ele está bem, é o que importa. Está fora de perigo e sem sequelas. Ele nasceu de novo, não foi a hora dele”, afirmou. A testemunha contou à polícia que correu para pedir auxílio, logo após ver a cena.

2) SEGUNDA NOTA:

A sociedade brasileira precisa mudar a cultura de passividade em relação à violência contra a mulher, destacou hoje (2), em Belo Horizonte, a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci.“É preciso que a sociedade abrace a causa da tolerância zero à violência contra as mulheres”, disse Eleonora.

A ministra lembrou que a Casa da Mulher Brasileira é o carro-chefe do Programa Mulher, Viver sem Violência. As mulheres terão acesso a serviços especializados de assistência, como delegacia, juizado, defensoria pública e apoio psicossocial, oferecidos em um mesmo espaço.

A unidade do Distrito Federal, que será inaugurada nesta terça-feira, é a segunda a ser entregue no país. Em fevereiro, foi inaugurada a primeira casa em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde, segundo a secretaria, já foram feitos 9.340 atendimentos a 2.449 mulheres, com 336 prisões de agressores e 943 medidas protetivas expedidas. “As medidas protetivas salvaram as mulheres da morte”, ressaltou a ministra.

Eleonora Menicucci destacou que o ajuste fiscal não afetará a construção das casas. A pasta deve inaugurar este ano unidades em São Luís, Fortaleza, Salvador e Curitiba. Até abril do ano que vem, devem ser entregues casas em São Paulo, Vitória e Boa Vista.


3)  TERCEIRA NOTA

Publicação de estreia do jornalista Raphael Vidigal, 'Amor de morte entre duas vidas' é uma coleção de 75 poesias que completaram suas trajetórias da criação às mãos dos leitores graças ao financiamento coletivo. "A poesia só alcança seu real poder de transformação quando entra em contato com a sensibilidade, a alma e o coração do próximo", observa o autor belo-horizontino em texto de apresentação do projeto.

A iniciativa, concluída pela plataforma online Catarse ao fim de junho, rende frutos concretos com o lançamento da primeira tiragem nesta terça-feira, 2, em Belo Horizonte. Ao todo, 82 leitores colaboraram com a arrecadação promovida pelo escritor, que também é letrista de choro — já assinou parcerias com o músico mineiro Waldir Silva.

A obra traz as composições de Vidigal separadas pelos três temas que formam o título do livro. "São poesias de amor, de morte e entre duas vidas, explorando o lirismo, a tragédia e o senso de humor da vida e do ser humano", detalha o poeta. Raphael destaca a proximidade entre "Amor, Morte, Vida" como temas que apreendem "tudo o que diz respeito a essa existência na Terra".

Lançamento do livro 'Amor de morte entre duas vidas', de Raphael Vidigal.
Terça-feira, 2 de maio, às 18h30, na Livraria Asa de Papel (Rua Piauí, 631, Santa Efigênia). Exemplares vendidos a R$ 30.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Exercício - Entrevista em texto corrido para revista



Pessoal,

no exercício de hoje vamos transformar uma entrevista em pingue-pongue em um texto corrido para revista. Para tanto, devemos ler com atenção as perguntas e respostas apresentadas e produzir, a partir desse conjunto, um texto mais solto, mais criativo e aberto por um lead menos engessado que o que vínhamos nos acostumando a fazer, mais focado no 'como' e no 'por quê'.

O entrevistado é o pesquisador da área de engenharia de software e tecnologia da informação Silvio Meira, cientista-chefe do Centro de Estudos Avançados do Recife (C.E.S.A.R). Em conversa com um jornalista do Correio Braziliense, em julho deste ano, ele analisou como as redes sociais estão sendo utilizadas nas campanhas políticas e mandou um recado para todos os candidatos que tentam potencializar o desempenho nas urnas por meio da presença social na internet: "Todo mundo ainda tem muita coisa a aprender".

Existe um padrão para definir o que é uma boa campanha eleitoral na internet?
Não existe um padrão. Existem contextos e dentro desses contextos existem práticas que são recomendáveis. Para você comparar rapidamente, posso dizer que um número significativamente grande do que as pessoas falam sobre os EUA não é aplicável ao Brasil. Nos EUA, a lista de votação é pública e eu consigo recuperar porque faz parte dos dados abertos do Estado. Eu posso minerar esses dados nos EUA e saber, em cada seção, por exemplo, quem foi que votou na última eleição. A partir desse dado e do local de onde ele vem, posso entrar no Facebook e saber quem são essas pessoas e quem são os amigos deles. Posso minerar os dados e saber se eles têm uma posição mais liberal ou mais conservadora e aí posso tentar influenciar as pessoas diretamente. A quantidade e qualidade de dados que existem para você fazer uma articulação em rede social a partir de informações publicamente disponíveis nos EUA é totalmente diferente do que nós temos no Brasil. É muito mais fácil você articular uma campanha eleitoral nas mídias sociais nos EUA do que no Brasil.

Como clarear essa trilha no Brasil?
Não se trata de uma campanha na cega. De jeito nenhum. No Brasil, temos pesquisas eleitorais quantitativas e qualitativas fora da internet. Temos um número de ferramentas muito grande, várias delas brasileiras, que estão disponíveis na internet para você capturar o sentimento das pessoas. Como no Brasil você tem uma parcela significativa da população online no Facebook, que é a efetiva e verdadeira grande rede nacional porque você não tem robôs como no twitter e é uma rede de relacionamente mesmo, você pode interpretar comportamento das pessoas em relação a um número muito grande de aspectos. Isso já vem sendo usado. Para quem você faz uma campanha seja na rede social ou não? Se faz para os indecisos e para aqueles que não votaram. Se a gente tivesse na idade da pedra, quem dominasse polir pedra para fazer arma estava por cima da carne seca.

No Brasil, os candidatos apenas transportaram a linguagem tradicional de campanhas políticas para a plataforma digital. Podemos falar de uma linguagem de marketing político própria para a internet?
Você tem razão. E vai demorar muito tempo. É um processo de aprendizado. De aprendizado para todo mundo. Não só estão aprendendo as pessoas que fazem marketing político na internet. Estão aprendendo as próprias pessoas que estão usando a rede. Esses comportamentos são muito novos. Pense no seguinte. Como é que foram as primeiras campanhas na televisão? As primeiras campanhas na televisão usavam a mesma linguagem do rádio. E as primeiras campanhas do rádio usavam a única linguagem que existia que era a linguagem dos jornais. Mas havia uma coisa em comum. Jornal, rádio e televisão são push. Eu escrevo para você que está aí no mundo. Você não volta. Você não emite opinião quando assiste à televisão. Quando você foi para a internet, primeiro, você muda o alcance. O efeito da internet é mudar o alcance pela diminuição de ordens de magnitude do custo de você alcançar mais gente. Mas quando a internet vira social, que leva 10 anos, aí você começa a motonivelar o ambiente. O custo de qualquer um falar alguma coisa. Deixa de existir a potência de mídia.

Então o risco é grande demais. É fácil errar numa campanha política nas redes sociais?
É muito fácil errar porque poucos times estão estruturados. O time bom e bem estruturado é um time que entende profundamente de redes sociais, o que é diferente de entender de internet. Que entende de redes sociais como primeira linguagem. Que sabe o que se transaciona em redes sociais, que é um conjunto de infraestruturas para você transacionar conectividades. Conecta muito mais do que comunica. E onde conectividade cria e depende essencialmente de reputação. Na sociologia existe há décadas a noção científica de redes sociais. Os sociólogos, com o aparecimento das redes sociais na internet, eles simplesmente criaram uma sub-área chamada de redes sociais online. É preciso entender que redes sociais são um ambiente de conectividade e não de comunicação. Qualquer pessoa que olhar para uma rede social e dizer que estamos aqui num ambiente de comunicação social perdeu o bonde.

Que perfil as equipes dos candidatos nas redes sociais devem ter para não perder esse bonde?
Primeiro de gente que entenda de gente e do que as pessoas pensam. Do que que elas falam, quais são os seus anseios e quais são suas expectativas. Não tem nada a ver com tecnologia. Depois, esse povo que entende de gente tem que saber que gente online é um pouquinho diferente de gente offline. Resumindo é o seguinte: gente que entende de gente sem ser ignorante em tecnologia e sabendo que está fazendo um negócio particular chamado campanha política.

A internet pode definir a eleição?
Faça a seguinte conta. Há 100 milhões de pessoas na internet brasileira no momento. Metade disso tem smartphones. Vamos imaginar que, nesses 50%, está distribuído homogeneamente os 20% de abstenção líquida da última eleição. Então, 10 milhões não foram votar. Para cada pessoa que vota na situação, três votam na oposição. Em algum tipo de oposição. Isso é o dado histórico. Se você convencer metade desse pessoal a ir votar, você tem, na situação atual, a garantia de um segundo turno. Então, a internet muda e muda mesmo. A campanha da reeleição de Obama foi decidida na internet. Totalmente decidida na internet. Você pode ler dezenas de textos que estão disponíveis na rede. Foi decidida não na internet, mas pela internet. A articulação para mobilização, as batidas em portas de pessoas, de onde vieram os dados que mostravam o perfil do eleitor. Isso foi computado a partir da presença do eleitor na internet, se chegou nesse cara pela internet e se mudou a opinião dele por meio da internet.

Mas a gente pode transportar isso para o Brasil? São realidades diferentes.
Nesta campanha, eu não sei. O nível de maturidade da internet e das redes sociais na eleição brasileira ainda é uma incógnita. Na última campanha presidencial, em 2010, onde tinha uma penetração muito menor de internet móvel no Brasil, com o Facebook e Twitter sem a importância que têm hoje, a gente viu a internet servir como mola de articulação de uma campanha de Marina Silva que mudou a política brasileira da época. De lá para cá, como você tem revoluções permanentes no ambiente online móvel, a gente pode dizer que a estrutura, arquitetura e conjuntura da internet brasileira mudou completamente. Ela basicamente saiu do fixo, em 2010, para o móvel hoje. Por causa disso, as mesmas práticas que foram usadas em 2010, dificilmente darão certo hoje. Tendo mudado essa arquitetura e conjuntura da rede, você tem que fazer um reentendimento de como ela está funcionando.

Mas, então, só vamos saber isso depois da eleição.
Exatamente. Só podemos saber depois da eleição. Mas uma coisa é patente. Sem uma presença social competente é muito improvável que uma campanha consiga ter sucesso no Brasil nesta eleição, qualquer que seja ela.

Havia uma expectativa de que a internet possibilitaria um debate de propostas, um debate mais aprofundado justamente por causa da interação. Mas estamos assistindo a internet virar um pântano de baixaria e se transformando simplesmente numa plataforma de ataque.
Esse grau de expectativa que a gente deposita na tecnologia é sempre infundado. É a mesma coisa que você chegar e falar assim: vamos pegar um país qualquer que fala inglês, vamos distribuir lápis e papel e vai aparecer um milhão de James Joyce. Não é assim que acontece. O que possibilita um debate político mais amplo, menos baixo e mais sofisticado, é educação. O fato de colocarmos mais internet na mão de mais gente não significa que todo mundo se educou e que tá pronto para debater suas preferências ou seus preconceitos sem entrar numa briga.

O que a gente tem que fazer no Brasil?
Precisamos criar no Brasil as condições, neste ambiente, de promover discussões desapaixonadas sobre temas apaixonantes. Se a gente não conseguir fazer isso, a gente vai tá sempre brigando. Basicamente, aqui no Brasil, você transforma o opositor num inimigo.

Os candidatos a presidente estão utilizando bem as redes sociais?

Todo mundo ainda tem muita coisa a aprender.

E os exércitos de fakes nas campanhas políticas ? Como isso funciona?
Essa coisa de fakes e ataques têm um papel na estrutura da internet e das redes que é o seguinte. Vamos imaginar que você monte mil blogs falsos. Não são mil blogs falsos. São mil blogs zumbis. Se você criou, eles não são falsos. Esses mil blogs zumbis espalham informações falsas. Para que eles são criados desta forma? São criados para serem indexados pelo google. Aí você faz o seguinte. Você utiliza contas robóticas no twitter e utiliza essas contas para apontarem para esses blogs zumbis. Assuma que esses blogs têm a mesma informação e são linkados entre eles. Aí você utiliza ativistas reais para fazer com que essas informações desses robôs sejam replicadas. O que acontece? Você acabou de criar uma máquina mágica de promoção de informação que vai entrar no radar de google por exemplo. Você tem um candidato X qualquer e começou a espalhar informação qualquer sobre ele. Por exemplo: fulando de tal desistiu e não é mais candidato. Na hora que você fizer a busca no google pelo nome do candidato, lembre-se que o google responde por mais de 95% das buscas realizadas na internet no Brasil. O cara vai colocar o nome do candidato e vai aparecer que ele não é mais candidato. Então, a criação desse ruído contextual, num ambiente pouco educado, isso não funcionaria na Inglaterra, esse negócio tem um impacto muito maior. Mas para que que você utiliza essa combinaçãode fakes? Na verdade é para você convencer os algoritmos automáticos das máquinas de buscas a promover essa informação para a primeira página dela, que é a única página que você olha. Na segunda página, estará tudo lá como é a realidade. Tem uma briga inteira na internet no momento que é pela primeira página de google. Essa guerrilha é totalmente baseada na ideia de que as pessoas não vão ter discernimento para saber se aquele negócio é razoável. Ela funciona nesses ambientes pouco educados.

Então funciona no Brasil.
Entre os radicais, aquela turma do vamos ganhar a qualquer preço, que olha o opositor como inimigo, acho que faz sentido isso. Aquele negócio de que para ganhar o jogo vale tudo, até comprar o juiz. Mas entre as pessoas que querem alguma coisa um pouquinho mais sofisticada, e o número dessas pessoas crescem a cada eleição no Brasil, não pega. As pessoas pensam. Eu vou votar nele e esse candidato precisa fazer isso para ganhar? Talvez deixe de votar nele.

As campanhas políticas na internet falam para a sua própria torcida. Isso não é um erro?
Não se pode confundir a campanha eleitoral feita na internet para os seus e para os outros. Uma campanha inteira é feita para convencer um pessoal que ainda não foi convencido nem por um lado e nem pelo outro. Não adianta você rezar o pai nosso para o vigário. Não adianta. Isso não se transforma em voto. O que decide uma eleição, em última análise, é o nível de satisfação da população com o incumbente. O que decide qualquer eleição. O ponto é o seguinte. Se você tiver um alto nível de insatisfação com o status quo, vai ter uma mudança. Para onde vai apontar essa mudança ninguém sabe. Pode até ser que o status quo, e estou falando de uma maneira abstrata, mude rápido suficiente para dizer que a mudança sou eu. O fato é que hoje, no Brasil, o que decide a eleição é o nível de satisfação ou insatisfação com status quo que é o que sempre decidiu eleição em qualquer lugar no mundo. Você precisa falar para quem não foi votar na última eleição e para quem votou branco e nulo. É esse pessoal, em última análise, que vai decidir a eleição.

Hoje, no Brasil, os candidatos têm uma estrutura confiável de monitoramento das redes sociais com qualidade para permitir reforçar acertos e corrigir possíveis erros?

Uma estratégia social de qualquer coisa envolve presença online, monitoramento, expressão e retorno online, que é a resposta digital. Uma estratégia digital precisa fazer com que você saiba o que as pessoas estão falando sobre você. O monitoramento é parte da estratégia. Existem centenas de ferramentas para fazer monitoramento. Não é difícil, a partir de uma ferramenta que já existe, você escrever ainda outras coisas para capturar uma coisa que uma ferramenta ou outra não pega. Acho que as equipes todas dos candidatos têm ferramentas de monitoramento que devem ser boas e competentes se utilizadas como tal. Uma coisa que ninguém pode esquecer do ponto de vista de presença efetiva em rede social é que rede social não é televisão. Você fala uma coisa, o cara fala de volta e ele fica esperando que você fale de volta com ele. Não é aquele negócio assim: eu digo um troço, vou embora e azar de vocês. Redes sociais são ambientes de conectividades e interação para construção de relacionamentos. Saber o que estão falando de você é muito importante. É a mesma coisa da rádio corredor nas empresas. O importante é lembrar que redes sociais online são, aspas, só a migração e magnificação das redes sociais que já existiam. Conexões para estabelecer interações que viram relacionamentos. E isso não é trivial de fazer. É difícil eu me relacionar com muita gente. Se sou um candidato, coloco um post no meu Facebook que tem 30 mil comentários, como vou interagir com um cara desses? Elas esperam, pelo menos, que você responda para grupos homogêneos.

Os candidatos devem escrever em primeira pessoa nas redes sociais?
Se o cara disser eu fiz isso quem deveria tá escrevendo era ele. Se ele disser fulano fez tal coisa tem que ficar claro que foi a equipe dele. Há formas de fazer isso. Mas no caso dos candidatos fica explícito que tem uma equipe que cuida da presença social dos três principais. Acho que a comunidade entende que não são os candidatos que estão tocando suas próprias operações porque eles não fariam mais nada. Eu acho que os candidatos todos deveriam ter uma coisa, vez por outra, aqui e ali, ter uma pontuação mais pessoal. Atuar mais como eles mesmos. Eu fiz isso, eu fiz aquilo. Claro que eles precisam ser preparados.